Pouca Certeza (a música)

Gravei mais uma canção das que tenho engavetadas.

Essa é antiga, este blog tem esse nome por causa dela.

Espero que apreciem, apesar da qualidade duvidosa do equipamento de gravação, ambiente e, principalmente, do cantor.

Eis a letra:

Pouca Certeza

Eu não quero saber de mais nada

que não me acrescente vida.

Eu não quero estar de um lado que

Não permite saída.

Se é vida abundante que a gente tem que ter,

Isso não é o bastante?

O que há mais pra se querer?

Por que tanta intolerância, por que tanta repressão?

O poder tão ortodoxo sempre estará com a razão?

Eu não posso entender um milagre que

Torne tudo mais fácil.

Como eu vou aprender e enfrentar os “porquês”

Dessa vida tão frágil?

Aprender a ser humano é ter a compreensão

De que tantas vezes não estou com a razão.

Se a Verdade não é minha e também não é de ninguém,

Quero Fé e Esperança e o Amor que mantém:

De olhos abertos para te ver em qualquer lugar.

Sentir o teu toque e sempre saber que vais me amar.

Como um pai, um amigo, de braços abertos a me esperar.

Isso é tudo que eu quero saber (3X)

Sobre o Vagaroso Trabalho do Tempo

Com certeza você já ouviu:

  • o mundo dá voltas;
  • a vida se encarrega de ensinar;
  • o tempo trará a verdade.

Estes são provérbios, ditados populares, clichês.

Hoje eu tirei a prova dos 9 que certos fundamentalismos o tempo, a vida,  se encarregam de destruir. Não discuta, aguente e apenas dê aquele sorriso de “o mundo dá voltas”.

No meu tempo de adolescente, na igreja, “aprontei” muito. Não era um rapaz fácil de tratar para o líder de jovens ou o pastor.

Fui punido umas 5 vezes com o que, na tradição assembleiana, se chama Disciplina.

Reuniões foram feitas, testemunhas foram chamadas, fomos forçados a confessar os “pecados”. Eu, na minha inocência adolescente, procurava razões paras as punições que eram sempre justificadas pela Sã Doutrina ou os Bons Costumes.

Cresci, me rebelei, discuti, discordei, enfrentei, fui ferido, feri…

De uns tempos prá cá, parei de discutir, de debater. Em partes por aprender a valorizar o diálogo e também por não querer ferir pessoas queridas que, mesmo num ambiente religioso, foram essenciais para a minha formação como pessoa.

Dentro de mim uma rara certeza tomava forma: herege é aquele que descobre que algo não é pecado antes dos outros.

Eu fiz algumas descobertas desse tipo. Os “outros” detinham o poder eclesiástico e não fizeram ou não quiseram revelar que tinham feito as mesmas descobertas que eu. Uma questão de manter o poder, mostrar que tem toda certeza e que jamais se contradiz ou demonstra ter alguma dúvida.

Hoje, 13 de Março de 2012, eu ouvi de alguém que, no passado, me puniu com a tal disciplina assembleiana, que tinha ido a uma praia, curtido um pouco, brincado, jogado futebol depois de 37 anos, tinha se divertido, tinha gostado.

Um discurso oposto do que eu ouvi e senti há 10 ou 12 anos…

Não notei nenhum sinal de culpa ou vergonha na pessoa.

Fiquei feliz por dentro. Um rio de sorrisos fluiu dentro de mim.

Mais alguém conseguiu se libertar de mais um dogma…a gaiola está sendo aberta aos poucos, com o tempo, obedecendo às voltas que o mundo dá. Sem debates intermináveis, sem discussões de bíblia na mão…

Apenas o tempo e a velhice chegando, a experiência, os pés fincados no chão da vida. Essa pessoa descobriu, tardiamente, mas descobriu, que aquilo nunca foi um pecado. Uma pontinha de herege nasceu…

O tempo não para.

🙂